30/12/08

PARA TERMINAR 2008

É chegado o momento de todos os balanços...pessoais, profissionais, financeiros, reformulação de desejos, traçar metas e objectivos, num mundo e sociedade cada vez mais injusto, carente de tudo.
É ou parece ser, “apenas” mais uma folha que tiramos do calendário… Pode, no entanto, ser um marco determinante de felicidade… como qualquer outra oportunidade que nos é dada…
É tempo de lembrar… de equacionar… deitar fora o que não prestou e guardar com carinho e determinação o que de melhor vivemos… Qualquer passagem conduz a novas perspectivas… Novos horizontes…
Se algo deve mudar… tem forçosamente que começar a mudar dentro de nós…
Que me recorde apenas tive outro ano idêntico a este, em 2006, mas este foi pior do que o outro, definitivamente pior. A intenção deste post precisamente no final de 2008 tem como finalidade “deitar fora o que não prestou” da minha cabeça, dos meus pensamentos e entrar em 2009 liberta de toda a tristeza e mágoa que me acompanhou durante 2008.
Tudo começou pelo simples facto de me ter inscrito no programa “Novas Oportunidades” para concluir o ensino secundário (12º ano) e ter pedido o artigo de trabalhador-estudante, para um dia por semana, apenas em 10 semanas, sair do trabalho após o almoço e assistir às sessões de grupo que implicava a minha inscrição.Quem me chefia, não achou por bem que eu fosse usufruir de algo em prol do meu benefício pessoal e como a direcção me concedeu o dito artigo, iniciou uma guerra aberta comigo logo em Fevereiro de 2008. Daí em diante, as outras colegas diziam ter “pena” de mim, nas mãos dela. Ninguém consegue imaginar a perseguição que me foi feita diariamente. Conseguiu com isso que eu caísse numa depressão major (aguda), associada a um esgotamento nervoso.
Alguns sintomas e consequências desagradáveis pelas quais passei:
O trabalho deixou de ser agradável. Passei a encarar tudo como uma obrigação e sentia falta de reconhecimento pelo trabalho que fazia.
Questionava a minha competência e comecei a duvidar das minhas próprias capacidades. A auto-confiança diminui drasticamente, passou abaixo de zero.
O entusiasmo e a energia iniciais transformaram-se em aborrecimento e fadiga crónica. Fui atingida pela depressão, solidão, ansiedade e doença física.
Numa fase terminal deste processo, o sentimento dominante é o desespero. Comecei a pensar que o esforço não vale a pena e o pessimismo em relação ao futuro apoderou-se de mim. Só me apetecia demitir-me e desaparecer por uns tempos.
Ninguém deve ter vergonha por passar por isto, é uma doença, não é capricho nem mania, nem controlamos como muita gente acha, que é uma questão de querer. Não é. É assunto sério e que deve ser conhecido, debatido, respeitado.
Agora o que mais custa e me deixa revoltada é isto ter acontecido pela maldade de alguém que usa e abusa do poder que tem, em prol de fazer mal a quem nenhum mal lhe fez.
Destrói-se com isto um ser humano e não há “castigo” para pessoas assim…?
Fui tão humilhada, a minha dignidade enxovalhada, que juro-vos, apetecia-me ir a um programa de televisão contar tudo o que ela me fez passar.
Mas… e as consequências depois?
Bem sei que em muitos outros organismos eram os próprios chefes a incentivar os funcionários a inscrever-se neste programa, quantas pessoas amigas e conhecidas estão neste momento a meio deste processo, mesmo dentro das próprias instituições foi criada uma equipa formadora neste sentido…só a mim havia de calhar esta pouca sorte!!!
Afinal, é um direito que tenho ou não?
Quero pôr um ponto final neste assunto, para iniciar um ano que espero ser bem melhor no aspecto profissional e na saúde.
Neste momento apetece-me, acima de tudo, agradecer…
E há tanto que agradecer…
A Deus… aos que me amam… aos que eu amo… a todos vós…
Agradecer o crescimento, sem perder nunca a perspectiva que crescer pode ser doloroso e que a dor não tem forçosamente que ser algo negativo.
Obrigado a todos que me visitaram ao longo do ano e me incentivaram com os vossos comentários. A todos a minha gratidão por terem tornado este inferno que passei, num paraíso sempre que estava na vossa companhia virtual.
Eu desejo sentir cada vez mais que a vida vale a pena, que os obstáculos que surjam sejam enfrentados como desafios a superar e que tenha a coragem suficiente para seguir em frente.

Termino com um pensamento adequado a esta situação:

A provação vem,
não só para testar o nosso valor,
mas para aumentá-lo;
O carvalho não é apenas testado,
mas enrijecido pelas tempestades.
(Lettie Cowman)

FELIZ ANO 2009

24/12/08

ESTOU TRISTE

Lamento não escrever coisas bonitas como todos esperam nestes dias do ano.
Eu sou aquilo que a minha alma e o meu coração sentem, daí que a minha imagem é de alguém muito destroçado.
O meu dia de ontem foi terrível, espero não ter outro idêntico tão cedo...
Também peço que respeitem o meu sofrimento e por isso não vou permitir comentários neste texto tão triste e sentido de forma tão revoltante ao mesmo tempo.
Ontem estava destinado fazer as minhas visitas de Natal a duas pessoas de quem gosto muito, que estão internadas e vão passar o Natal longe do seu lar, num lugar nada agradável.
Tenham ou não perto de si alguém de quem gostam, nunca é a mesma coisa.
Eu sei o que digo, pois trabalhei em hospitais, em enfermaria de Medicina Interna, com situações graves de pessoas muito idosas, mas...na noite de Natal, poucas pessoas ficavam lá internadas. Numa enfermaria de 28 camas, se ficassem 8 doentes era excelente, sinal de que 20 delas tinham ido passar o Natal com os seus familiares ou amigos. Se o escrevo é porque foi isso mesmo que aconteceu.
Mas, ontem... cheguei ao hospital para ver a minha melhor amiga e encontrei-a numa enfermaria de 8 camas, era a única pessoa que lá estava, ali sozinha, abandonada, entregue a si mesma. Que desolação!!!
Completamente pedrada, drogada, seja lá a palavra mais adequada, não era um ser humano que estava ali, mais parecia um vegetal, que queria balbuciar algo e nada saía, ouvi um sussurro arrastado que não se compreendia...
Eu dei-lhe beijinhos, afaguei-lhe o rosto, estava gelada, cobri-a com carinho e fiz-lhe festinhas, que mais podia fazer?
Saí de lá completamente destroçada, mas...com esperança que a próxima visita que iria fazer a outro hospital não fosse tão triste como esta.
Tinha comprado uma prenda que sabia à partida ser do gosto da minha sobrinha e estava curiosa de ver a sua reacção ao abrir a prenda.
Sinto-me bem quando compro um presente e recebo um sorriso da pessoa a quem o ofereço. Juro que era isso que eu esperava ver com os meus olhos a 2 dias do Natal, um brilho no seu olhar, mas...algo pior me aguardava.
Encontro-a também sozinha, numa enfermaria de 3 camas, ali, inerte, completamente "apagada" entregue a si mesma, destapada, virada com a cabeça para os pés da cama...arrepiei-me e a 1ª reacção que tive foi tapar-lhe os pés para não ficar gelada. Umas lágrimas correram e fiquei ali sem saber o que fazer!
Decidi chamar um enfermeiro e perguntar-lhe como ela está e tem passado... algumas respostas me foram dadas, mas à pergunta que fiz:
acha normal ela não se alimentar há tanto tempo? a sua resposta foi evasiva, dizendo que normal não é, pois!!! Perguntei então, quando lhe colocam soro para ser minimamente alimentada e a resposta foi...que "ainda" não é necessário.
A revolta ia aumentando dentro de mim, tinha vontade de gritar, dizer o que me vai na alma, não estou a gostar da forma como ela está a ser "desacompanhada" porque não acho que esteja a ser bem acompanhada...enfim...muito mais haveria a dizer, mas... fico-me por aqui.
O que significa para eles, profissionais da saúde o "ainda" é cedo...será para mim, talvez "tarde demais", tomara que eu esteja errada. Tomara Meu Deus!!!
Depois de solicitar uma folha de papel para deixar um bilhete escrito saí dali, as lágrimas continuavam a deslizar teimosamente, o choro foi aumentando e vim do hospital até casa chorando convulsivamente, conduzindo e pensando:
Isto é espírito de Natal para alguém?
Duas pessoas que me são muito queridas a sofrer, entregues ao próprio destino.
Aquilo que tiver que ser...será!!!
Nós - família e amigos - nada podemos fazer. É esta impotência que me corrói por dentro, querer ajudar e não poder.
Já tinha deixado um bilhete na mesa de cabeceira da minha amiga, outro ali...
Por isso, a todos que me lêem, se eu não passar nos vossos blogues a desejar-vos umas Festas Felizes, não me levem a mal, porque não tenho cabeça nem disposição para nada. Perdoem-me, estou a ser muito sincera.

17/12/08

Hoje APETECE-ME...

Hoje apetece-me falar de algo que sempre me incomodou nos outros, naqueles que me rodeiam – a indiferença pelos sentimentos alheios, muitas vezes a indiferença da dor de alguém de quem se dizem Amigo ou Amiga, com a maior das naturalidades...
Este mês todos falam do Natal e da Solidariedade, mas eu não me apetece falar disso, e posso dizer-vos porquê. Porque acho uma hipocrisia fingir-se preocupados com o que se passa pelo Mundo, quando não têm a mínima preocupação com aqueles que vivem ao seu lado, os tais apregoados amigos.
Ao ler a crónica de Paulo Coelho esta semana na revista Lux, dei comigo a sentir todas as suas palavras como se fosse eu a dizê-las ou escrevê-las.
Quem estiver interessado em ler a crónica ficará com uma ideia mais precisa do que quero dizer, mas para quem não tiver oportunidade de a ler, farei aqui um resumo do principal.
Realmente é muito curioso ver que muitas pessoas se orgulham da sua independência emocional.
Mas, é claro, que não é bem assim: continuam a precisar dos outros a vida inteira, mas é uma “vergonha” mostrá-lo, por isso preferem chorar às escondidas. E, quando alguém lhes pede ajuda, essa pessoa é considerada fraca, incapaz de dominar os seus sentimentos.
Há uma regra não escrita segundo a qual “o mundo é dos fortes” e “sobrevive apenas o mais apto”.
Eu, pela minha parte, continuo e continuarei sempre a depender dos outros. Dependo dos meus familiares, dos meus amigos e até dos meus inimigos, estes ajudam-me a estar preparada para a defesa, de espada em punho, mas é assim que vou desbravando o caminho, cortando as ervas daninhas e descobrindo as belas flores que existem, seguindo sempre em frente.
É claro que há momentos em que este fogo sopra noutra direcção, mas pergunto sempre a mim mesma onde estão os outros. Será que me isolei demais? Ou a indiferença deles faz com que me torne invisível?
A independência emocional não leva a absolutamente lugar nenhum – excepto a uma pretensa fortaleza, cujo único objectivo é impressionar os outros.
Paulo Coelho termina a citar um Prémio Nobel da Paz numa matéria que diz respeito à importância das relações humanas – o professor Albert Schweitzer:
“Todos conhecemos uma doença da África central chamada doença do sono. O que precisamos de saber é que existe uma doença semelhante que ataca a alma – e é muito perigosa, porque se instala sem ser percebida. Quando notar o menor sinal de indiferença e de falta de entusiasmo em relação ao seu semelhante, esteja atento! A única maneira de nos prevenirmos contra esta doença é entendendo que a alma sofre, e sofre muito, quando a obrigamos a viver superficialmente. A alma gosta de coisas belas e profundas”
É assim que eu vivo, eu alimento a minha alma de coisas belas e profundas, mas estou rodeada de pessoas que se querem mostrar mais fortes do que eu e criticam-me por ser como sou.
Espero que ainda vá a tempo de mostrar a essas pessoas que estão erradas e estão a fazer mal à sua própria alma.
Curem-se!!!
Respeitem os sentimentos dos outros!
Parem de criticar.
É esta a minha boa acção no mês de Natal.

11/12/08

MANUEL DE OLIVEIRA - 100 ANOS

Vi o filme de Manoel de Oliveira:
O Convento com John Malkovich e Catherine Deneuve.
Não é um mau filme, longe disso, diria que é um bom filme, muito longe de ser excelente, e nada que possa ser visto como uma obra de um "génio" do Cinema.
Mas, foi o 1º filme que vi de Manoel de Oliveira e escolhi-o precisamente porque foi filmado na "Serra da Arrábida" um lugar especial para mim.
Um dia, decorria o ano de 2004, passeando pela Arrábida vi que estavam equipas de filmagem e interroguei o que seria, fiquei a saber que faziam este filme e não descansei enquanto não o vi.

No filme de Oliveira, a frase que supostamente revela o humor do filme:
Quem neste convento entrar, não ouvir, não ver, não falar.

O grande trunfo do filme, é a utilização do belíssimo cenário da Arrábida e do seu convento. E a personagem de Deneuve: Heléne? Como compreendê-la? Será uma citação de Helena de Tróia que levou as cidades gregas à guerra? O pomo da discórdia? É uma personagem estranha que tenta o proprio demo, que se sente irremediavelmente atraído por ela? Heléne é de facto a personagem mais interessante deste filme, precisamente porque é a mais misteriosa. Coloca-me questões. Os outros são todos demasiados óbvios.

Em suma um bom filme. Foi filmado em finais de 1994, no Convento da Arrábida, inspirado numa ideia original de Agustina Bessa-Luís.

Manoel de Oliveira é um dos realizadores mais importantes, não só ao nível do país, mas mesmo internacionalmente. Não é qualquer realizador que é homenageado em festivais de cinema como o de Cannes e vários outros.
Neste filme, o professor Michael Padovic é um investigador norte-americano que está a trabalhar numa tese que se destina a provar que Shakespeare tinha ascendência espanhola e não britânica. Mas faltam-lhe alguns documentos essenciais, os quais julga estarem nos arquivos do antiquíssimo Convento da Arrábida, em Portugal.
Por esta razão, ele e a sua mulher, Hélène, viajam de Paris até à Arrábida, onde se instalam. O seu anfitrião é o guardião do convento, uma estranha personagem que dá pelo nome de Baltar.
Há qualquer coisa de misterioso em Hélène que cativa Baltar. Para distrair a atenção do marido, sugere-lhe que contrate como sua assistente, Piedade, a nova arquivista do convento.
Hélène descobre que o marido a rejeita em favor do trabalho e o facto de Piedade ser jovem e bonita aumenta ainda mais a tensão, servindo ao mesmo tempo os propósitos diabólicos de Baltar e a subtil manipulação de Hélène. A situação torna-se extremamente bizarra e culmina de forma inesperada.

PARABÉNS
MANOEL DE OLIVEIRA

06/12/08

MUITO OBRIGADO


Estamos num mês que, geralmente é associado à solidariedade entre os povos, embora eu não aceite essa ideia, para mim a solidariedade faz-se durante todo o ano, quando se quer...tenho que respeitar quem pensa e age dessa forma.
Em espírito de alegria e muita gratidão aceito o "miminho" que um Amigo me concedeu.
A partir de agora o meu cantinho é um Masterblog.
A classificação foi atribuída pelo http://nothingandall.blogspot.com/ a quem agradeço a gentileza.
Estou em dívida com uma Amiga que passou de "virtual" a real do blog http://myshinningmoon.blogspot.com/
Em Outubro passado encontramo-nos e ela ofereceu-me estas prendas que adorei.
Uma prenda personalizada - quadro "Tulipa" e um porta-chaves em ponto de cruz.
Ela fez destaque do "nosso encontro" no post do dia 8 de Outubro passado e eu nunca tinha aqui mencionado o facto de nos termos conhecido, embora ela saiba que adorei.
De visita ao seu blog reparei que ela oferecia este prémio e, enchi-me de coragem e trouxe-o comigo. Muito obrigado Amiga!
Não vou cumprir com as regras de atribuição do prémio.
Deveria enviar o mesmo para 7 pessoas cujos blogues são uma inspiração, mas todos os blogues que visito são diferentes, e todos têm sempre algo de novo para me oferecer. Por isso, digo o mesmo que ela, estejam à vontade para levar o prémio convosco!

O saquinho com rebuçados que a minha nova Amiga ofereceu à minha neta, que fazia 6 anos precisamente dia 8 de Outubro. A Catarina adorou e agradece.