Morreu Corín Tellado o mês passado.
Quantas mulheres da minha geração leram as suas fabulosas histórias cor-de-rosa. Corín Tellado viveu a sua carreira à sombra numérica de um homem: Miguel de Cervantes, o único autor de língua castelhana que vendia mais do que ela.
Mas a escritora, que morreu em Gijón aos 82 anos, bateu o autor de Dom Quixote noutros números: Corín Tellado publicou mais de quatro mil obras, novelas e romances de cordel que marcaram várias gerações, e entrou no Guiness por ter vendido mais de 400 milhões de exemplares dos seus escritos.
“A vasta produção de Corín Tellado ficará como exemplo de um fenómeno sociocultural”, comentou um dia o escritor Mario Vargas Llosa.
A conselheira asturiana da Cultura e Turismo, Mercedes Alvarez, elogiou os “rasgos de modernidade” da obra de Tellado, “uma mulher muito avançada em relação ao seu tempo”.
Mas Corín, de seu nome María del Socorro Tellado López, não se considerava tão progressista. “Um dia a mulher terá o mesmo peso que o homem, mas ainda lhe falta andar muito”, disse numa entrevista publicada no seu site.
Nascida em 1926 em Viavélez, na costa asturiana, viveu, casou e teve os dois filhos em Gijón. Mas o casamento da autora de novelas românticas mais lida do mundo castelhano não durou mais do que três anos. Em 1962, quando se divorciou, assinou contrato exclusivo com a editora Bruguera, a mesma em que publicou a sua primeira novela, Atrevida Apuesta (1946), pouco antes de fazer 20 anos. A sua carreira fez-se então de novelas de cordel, fotonovelas e romances mais extensos, como Lucha Oculta (1991), que disse ser a sua obra favorita. Muitos foram publicados em Portugal, nomeadamente pela Agência Portuguesa de Revistas, tanto em pequeno formato como no de fotonovela, indica a Lusa.
Distinguida pela UNESCO pela quantidade de leitores conseguidos em vida, não gostava de livros que não fossem de fácil compreensão. Defendia as suas obras como “entretenimento” e preferia as ideias que tinha à noite. Considerava ter “muita sorte” com a sua imaginação — “Alinhavo um argumento em cinco minutos”. Inspirava-se na vida quotidiana e juntava-lhe os ingredientes base: amor, ciúme e infidelidade. As histórias de Corín Tellado atravessaram meios: foram adaptadas para a rádio (Lorena, em 1977), para o cinema (Tengo Que Abandonarte, 1970) e para a televisão de vários países. Em 2000 publicou a sua primeira obra na Internet, Milagro en el Camino. A sua última história, ditada à nora (já não usava a máquina de escrever), foi terminada uma semana antes da sua morte. O seu destino é a revista cubana Variedades, com a qual colaborava desde 1951, altura em que, graças à presença dos seus escritos, aumentou a tiragem de 16 mil para 68 mil exemplares, como recorda o diário ABC. Corín Tellado, que terá morrido na sequência de um acidente vascular cerebral, foi sepultada em Gijón, onde há uma rua com o seu nome.

Termina hoje a Feira do Livro de Lisboa...e, mais um ano que não fui. Eu bem gosto de lá ir, passear pelo Parque e disfrutar dos seus Pavilhões, mas...o pior é a vontade louca que tenho de comprar este e mais aquele livro e isso eu não posso fazer. Já tenho uma quantidade enorme de livros em casa, que ainda não os abri, por não ter tempo para os ler, por isso, decidi castigar-me a mim mesma e enquanto não ler os livros que tenho, não compro mais nenhum...Entro na Feira do Livro sempre contente. No meio da cidade e da relva. Mas à medida que atravesso os pavilhões, fico cada vez mais deprimida. Assim sendo, não vale a pena lá ir.