29/10/10

DESABAFO



Muito se tem falado sobre o programa das Novas Oportunidades; é impossível haver um consenso, pois da parte de quem fez os estudos na escola normal, cumprindo ano a ano escolar revolta-se com estas “facilidades” que dão aos candidatos às NO.
Mas, não se põem do lado daqueles que, por uma razão ou outra, não puderam terminar o ensino secundário e acreditem que há razões fortes e graves para que isso não tivesse acontecido.
Lá diz o ditado: dentro do convento só sabe quem está lá dentro!!!
Faço parte das pessoas que ficou só com o 9º ano, com imensa vontade de terminar o 12º ano e tenho comigo o comprovativo da minha matrícula/inscrição no ano lectivo 2002-2003, aqui na Escola Secundária da Moita.
Motivos que para aqui não interessam, levaram a que não pudesse concretizar esse desejo e mais uma vez foi impossível fazer o 10º, 11º e 12º anos da forma normal, nas unidades capitalizáveis como se usava na época.
Assim que me apercebi que poderia fazê-lo através das NO, inscrevi-me e a minha história foi muito triste, sozinha fiz tudo desde o momento da inscrição até à conclusão do RVCC.
Nunca tive alguém ao meu lado, a não ser uma ou outra amiga que, à distância, iam dando força e ânimo, sempre dizendo que eu era capaz de o fazer, mas fi-lo debaixo de uma grave depressão major.
Apenas e só porque a minha chefe directa no meu local de trabalho não queria que eu fizesse o RVCC (nunca entendi porque razão ela não partilhava daquele direito que eu tinha, ela bem tentou proibir-me usando todos os argumentos possíveis…só que acima dela existia o Director da Instituição, que sabendo que era um direito que me assistia “autorizou” que eu continuasse o processo, fi-lo contra a vontade da m/chefe e arranjei uma inimiga para o resto da vida…)
só quem já passou por um dilema destes pode imaginar o que passei no local de trabalho.
Lógicamente que, quando terminei o processo do RVCC fiquei super feliz, foi uma vitória completamente solitária mas com bom aproveitamento, no entanto, sempre que compartilho com alguém, seja aqui na blogosfera como já o fiz, ou na vida real, vejo e sinto uma acusação nos olhares e nas palavras de todos que me rodeiam, porque acham uma injustiça conseguir um “Certificado” de Certificação de Competências e não um “Diploma” do 12º ano, como muitos pensam!!!
Como já fiz ver, há situações e situações e a minha foi triste e dolorosa até o conseguir, por isso, custa-me receber tantas críticas sobre o processo em causa. Acreditem que, nem durante nem depois disso “não roubei o lugar a ninguém” no meu local de trabalho.
Também “nada ganhei” com isso!!! Nada, garanto-vos.
Tenho tido azar nos locais de trabalho por onde passei nos últimos 5 anos de actividade laboral, tanto da parte da dita chefe a que me referi, bem como posteriormente.
Na minha última avaliação de desempenho fui bastante “prejudicada” em relação a outra colega que apenas tem a 4ª classe, não sabe enviar um fax, não sabe puxar uma chamada telefónica, enfim…não sabe fazer coisas que são inadmissíveis em pleno século XXI, no entanto, de nada valeu o meu acto de completar o ensino secundário através do RVCC e essa colega teve Muito Bom na sua avaliação e eu tive um Bom…

Sei qual o meu valor como funcionária e sei que fui tremendamente injustiçada, por isso, digo-vos: não me critiquem por ter tido o trabalho de fazer o RVCC, durante 15 meses.
Também vos digo que não é fácil, embora todos pensem que aquilo se faz com uma perna às costas, não é nada disso.
Deu-me imenso trabalho e os formadores foram muito exigentes comigo, pois tenho uma rica vivência tanto laboral como pessoal e queriam que eu ali escrevesse tudo e mais alguma coisa, terminei o meu portfólio com mais de 100 páginas e para eles nunca chegava, exigiam sempre mais e mais.
No próximo post apresentarei relatos de crónicas que tem aparecido na imprensa sobre este tema.
Uma dessas crónicas inicia deste modo:
Um em cada três adultos afirma que a Iniciativa Novas Oportunidades (INO) teve "pelo menos" um factor positivo na sua vida profissional. Destes, a maioria dos que mudou de emprego diz que o fez para melhor. Há ainda cerca de dez por cento que sentiu melhorias nos salários. Além da vida profissional, também na pessoal, verifica-se um acréscimo da auto-estima, revela a avaliação externa coordenada pelo ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, da Universidade Católica Portuguesa.

No meu caso, não houve nenhum factor positivo na vida profissional, apenas na pessoal, talvez um acréscimo da auto-estima; no entanto, muito sinceramente não tem grande valor como eu pensei que fosse ter, talvez pela mágoa que me acompanhou todo o processo, como já expliquei e acreditem muitas vezes até me esqueço que já tenho o 12º ano, quando me perguntam quais as minhas habilitações respondo o 9º ano, pois foram dezenas de anos a dizer o mesmo, ainda não me habituei a dizer: 12º ano.
A imagem aqui inserida reflecte o que tem sido a minha vida, como este barco que corta a água, lutando contra ventos e marés, para seguir em frente, em direcção ao seu objectivo!!! Foto minha.

23/10/10

DESPERTAR DA MINHA CONSCIÊNCIA




De quando em vez…preciso de parar e reflectir para o “Despertar da minha Consciência”, do meu próprio ser, o resgate da minha individualidade psicológica.

Pretendo com isso tornar-me mais consciente de mim mesma, do meu mundo interior, das coisas que me cercam, do universo, ampliando a minha capacidade de sentir, tornando-me mais lúcida, com maior capacidade de amar e partilhar...

Todos queremos a paz, a liberdade, a felicidade e o bem estar. Porém, quanto mais buscamos estes valores, mais nos parecem ideais distantes, tanto a nível individual, como a nível da sociedade em que nos inserimos.
Uma breve reflexão é necessária, para que possamos compreender estes dilemas.

O EXTERIOR É O REFLEXO DO NOSSO INTERIOR.
Muitas vezes buscamos nas coisas externas as explicações, as justificativas e até mesmo as evasivas para os problemas que nos cercam, que nos atribulam, problemas familiares, no trabalho e no nosso meio social.
Ansiosos, stressados, preocupados demais, esquecemo-nos de nós mesmos, do nosso mundo interior, com seus diversos aspectos psicológicos.
Não percebemos que enquanto acontecem os eventos externos, ao mesmo tempo, naquele mesmo instante, estão acontecendo os problemas interiores.

Perceber esta relação, este movimento interior psicológico, é a base de todo trabalho de desenvolvimento interior... a isto se chama auto-observação.

Posso dar um exemplo... Se estiver discutindo com alguma pessoa a respeito de determinado assunto ou questão que me desagrada e neste momento dirijo minha atenção ao meu interior, percebo que na mente surgem pensamentos, emoções, como se outras pessoas falassem dentro de mim e por mim, ou agredindo, ou tomando partido ou considerando com sarcasmo algum tópico da discussão; muitas vezes, uma coisa trivial, um facto insignificante, causa dentro de nós uma verdadeira avalanche de sentimentos e pensamentos...
Assim é o nosso mundo interior naquele momento, reflectindo e sendo reflectido...


A nossa mente trabalha de uma forma ininterrupta, como um gravador com a tecla STOP partida, sem controle. Podemos perceber com mais clareza este processo à noite, quando queremos dormir e vem as preocupações em forma de pensamentos e os compromissos do dia seguinte, que não param de surgir na nossa mente, não nos deixando descansar, martelando sistematicamente, esgotando as nossas últimas energias.

Ora, se os nossos aspectos mentais reflectem esta desorganização, se o nosso interior está repleto de insatisfações, negativismo, ódios e exteriormente reflectimos sofrimentos, tristezas, acontecem problemas, ficamos longe da paz e do bem estar...
E, era assim que eu estava! Muitas coisas foram acontecendo, no meu local de trabalho, na minha vida familiar e social.
Amigas e familiares me decepcionando, magoando-me.
EU TINHA QUE REAGIR…parar e afastar-me. Eu não chamo a isto “fugir”, mas afastar-me do quotidiano, esquecer problemas de saúde, idas aos médicos, tudo, tudo, tudo.

Para que possamos mudar o destino das nossas vidas para melhor, necessitamos mudar o nosso interior, mudar nossos aspectos psicológicos...
Isto requer acção, e acção imediata.
E, ficando no mesmo lugar físico onde as coisas más acontecem, vou continuar a lidar com elas a todo o instante, por isso, há que “partir”, sim…ir em busca de paz interior para longe.
Foi o que fiz!
E, como foi bom.
Muito bom mesmo!!!
Conheci outras pessoas, convivi com outras culturas e vi paisagens e lugares maravilhosos. Estou com as baterias recarregadas para algum tempo (creio eu…).

10/10/10

HOMENAGEM À TÂNIA - 10-10-10


HOJE é um dia muito triste - a Tânia faria 28 anos!
Tudo seria diferente se ela estivesse junto a nós, mas... a sua ausência física é muito sentida no meu coração e na minha vida, para ela vão as minhas orações e estas lindas rosas brancas.