11/12/10
CÓPIA CERTIFICADA - CINEMA
Ontem foi dia de cinema.
SINOPSE: Esta é a história de encontro entre um homem e uma mulher, numa pequena aldeia no Sul da Toscana. O homem é um autor britânico que acabou de fazer uma apresentação do seu livro. A mulher, francesa, é dona de uma galeria de arte. Esta é uma história comum que podia acontecer a qualquer pessoa, em qualquer lugar.
O realizador iraniano Abbas Kiarostami decidiu filmar pela primeira vez fora do Irão, para a longa-metragem «Copie Conforme», e percebeu que a arte «não está limitada a uma geografia».
«Copie Conforme» é o mais recente filme do cineasta iraniano Abbas Kiarostami e valeu à sua protagonista, JULIETTE BINOCHE, o troféu de Melhor Actriz no último Festival de Cannes.
O filme que o cineasta apresentou no Estoril Film Festival é a história de um encontro entre um homem e uma mulher numa pequena localidade italiana no sul da Toscânia. O homem é um escritor britânico que acaba de dar uma palestra numa conferência. A mulher, francesa, é proprietária de uma galeria de arte.
O filme foi apresentado no ESTORIL, no Centro de Congressos, com a PRESENÇA DO REALIZADOR.
Ele (o barítono William Shimell) é um escritor inglês em busca de um significado para a vida. Ela (Juliette Binoche) é uma galerista francesa em busca de originalidade. Quando, depois de uma conferência dele, se conhecem, decidem passear por uma pequena cidade no sul da Toscana, onde embarcam num jogo: durante todo aquele dia vão fingir ser um casal. Contudo, a forma como inventam essa relação é de tal modo convincente que acabam por se tornar um, criando assim a sua própria história de amor.
O último filme do realizador iraniano Abbas Kiarostami ("O Sabor da Cereja ", "Através das Oliveiras" "O Vento Levar-nos-á", "Shirin") esteve em competição na última edição do Festival de Cannes, valendo a Juliette Binoche o prémio de melhor actriz.
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6 comentários:
Abbas Kiarostami viajou para Itália. Estamos habituados a vê-lo viajar pelo Irão, entre a cidade e o campo mais remoto, naqueles percursos de automóvel que se tornaram uma das mais reconhecíveis "trademarks" dos seus filmes.
Vê-lo a filmar no estrangeiro é uma raridade. "Cópia Certificada"/"Copie Conforme", rodado na Toscana, é apenas a sua segunda longa feita fora do Irão, depois de um documentário, "ABC Africa", realizado em 2001 a convite das Nações Unidas.
Mais do que apenas um filme feito no estrangeiro, "Cópia Certificada" é um filme estrangeiro, com produção francesa (a MK2 de Marin Karmitz), actores "internacionais" (Juliette Binoche e o cantor de ópera William Shimmel, um "não-actor", certo, mas por todas as razões um "não-actor profissional"), e nenhuma relação directa com qualquer contexto iraniano (nenhuma relação directa, mas as relações "obliquas" dariam pano para mangas).
No meio de tanta novidade, constitui, por paradoxal que pareça, algo como um regresso: é o mais "clássico" dos filmes de Kiarostami desde o já longínquo "O Vento Levar-nos-á" (1999), seja no modo de fazer seja na linearidade da estrutura narrativa.
É "Cópia Certificada" uma cópia conforme, "made in Italy", do cinema de Kiarostami?
O tema da "cópia", e do lugar da cópia na "arte" e na "vida", percorre o filme de diversas maneiras, desde o mote (uma conferência de um historiador de arte, a personagem de Shimmel, sobre cópias e plágios na arte ocidental) à conclusão, quando, idealmente, o espectador já não sabe distinguir se é a "arte" que copia a "vida" se é ao contrário. Portanto, nessa medida, sim, diríamos que Kiarostami se dispõe a jogar o jogo da estranheza e do reconhecimento, preservando traços do seu cinema ("copiando-se", portanto), como os travellings de automóvel com longas cenas de diálogo, no meio de tudo o que é novo e estranho. Até mais do que isso, não é descabido ver em "Cópia Certificada" um daqueles filmes de "impasse" e auto-reflexão que os grandes cineastas têm tendência a fazer - e há pelo menos uma frase dita pela personagem de Shimmel, "ser simples não tem nada de simples", que podia ser assinada pelo próprio Kiarostami (e de resto, é ele quem a assina: o argumento e os diálogos são dele).
Na relação com as personagens e com as situações o desdobramento entre "cópias" e "originais" adensa-se.
Shimmel e Binoche começam o filme como dois desconhecidos, ela é uma galerista admiradora dos livros dele mas isso parece ser tudo.
Nas horas que se seguem, em passeios por aldeias e igrejas toscanas, a proximidade acaba por cruzar uma fronteira qualquer, como se em pouco tempo Shimmel e Binoche deixassem de ser desconhecidos para passarem a ser um casal com uma longa história.
Inútil tentar explicar a natureza dessa transformação: ela é o fulcro do filme, como se através dum "raccourci" temporal Kiarostami quisesse filmar um arco de anos na vida de um casal, sem tornar precisa a linha entre a "representação" (a "cópia": duas personagens que "imitam" um casal?) e a "genuinidade" da sua condição.
Esse mistério, acrescido à situação e ao cenário italiano, tem levado muita gente a falar de "Cópia Certificada" como uma "homenagem" à "Viagem à Itália" de Rossellini.
Com certeza que Kiarostami faz a sua vénia, e que a conjugalidade nunca ocupou assim o espaço dos seus filmes iranianos; mas está longe de ser um "remake". Não mais "remake", nesse caso, do que outros filmes de Kiarostami: se pensarmos naquela célebre tirada que Rivette escreveu, à época, sobre o filme de Rossellini (que "abria uma brecha pela qual todo o cinema moderno devia forçosamente passar"), torna-se evidente que todo o cinema de Kiarostami passou pela "brecha" aberta pela "Viagem" (até no uso dos automóveis...), e que a ser alguma coisa do género, este filme será sobretudo o reconhecimento "conforme" de uma dívida.
A outra questão interessante - e "oblíqua" - do filme está no facto de ele não mergulhar apenas num universo artístico mas também num universo religioso, numa relação (arte/religião, arte de inspiração religiosa) que em parte define muito daquilo que entendemos por cultura europeia clássica.
Kiarostami sai do Irão para se ir instalar no coração do Renascimento: se há coincidência e só coincidência nisto, acredite quem quiser.
Porque o que ele evoca é um mundo em que a Arte se equiparou à Religião enquanto linguagem e expressão de uma relação com o mundo e com os seus mistérios.
Crítica por:
Luís Miguel Oliveira
TODAS AS FOTOS foram retiradas da net.
A foto do MONUMENTAL está fantástica, e fui buscá-la à net.
Como queria fazer referência a este magnífico edifício, um lugar central e sempre óptimo para estar e ficar...se o tempo assim o permitir.
Os 2 primeiros comentários são meus, é uma crítica sobre o filme, que também retirei da net. Está identificada.
Tulipa
MEUS AMIGOS
Lá diz o ditado: "Não há fome que não dê em fartura".
Tenho feito posts com mais de 1 semana de intervalo, mas...hoje, só hoje fiz 3 posts seguidos.
Tudo tem a ver com o "Momento" CINEMA e, em parte com o filme que fui ontem ver.
Daí que só é permitida a publicação de comentários, num deles; tem a sua lógica.
Estimada e Preciosa Amiga:
Fez, no seu texto admirável e profundo de homenagem a Manuel de OLiveira um Post sensacional. Merecido.
Ele agradecer-lhe-à.
"...MUITOS PARABÉNS MANOEL DE OLIVEIRA.
Fui buscar esta imagem à net.
Gosto particularmente dela porque é a preto e branco e porque nos mostra um Manoel de Oliveira pensativo...."
102 anos não é fácil dedicados à arte cinematográfica de que é apaixonada.
Parabéns sinceros.
Abraço amigo de respeito.
Sempre a estimá-la e a admirá-la
pena
Desculpe o tardio comentário. Estiva fora.
Bem-Haja, preciosa amiga de que gosto.
É sublime.
Parabéns renovados.
Não consegui deixar comentário amiga no post atual.
Uma boa semana pra vc.
beijooo.
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