Valsa nos ramos
Caiu uma folha.
E duas.
E três.
Na lua nadava um peixe.
A água dorme uma hora
e o mar branco dorme cem.
A dama
estava morta na rama.
A monja
cantava dentro da toronja.
A menina
pelo pinho ia até à pinha.
E o pinho
buscava a plúmula do trino.
Mas o rouxinol
chorava suas feridas em redor do sol.
E eu também
porque caiu uma folha
e duas
e três.
E uma cabeça de cristal
e um violino de papel.
E a neve poderia com o mundo,
se a neve dormisse todo o mês,
e os ramos lutavam com o mundo,
um a um,
dois a dois
três a três.
Oh duro marfim de carnes invisíveis!
Oh golfo sem formigas ao amanhecer!
Chegará um torso de sombra
coroado de louros.
Será o céu para o vento
duro como uma parede
e os ramos arrancados
irão dançar com ele.
Um a um
em volta da lua,
dois a dois
em volta do sol,
e três a três
para que os marfins adormeçam bem.
Caiu uma folha.
E duas.
E três.
Na lua nadava um peixe.
A água dorme uma hora
e o mar branco dorme cem.
A dama
estava morta na rama.
A monja
cantava dentro da toronja.
A menina
pelo pinho ia até à pinha.
E o pinho
buscava a plúmula do trino.
Mas o rouxinol
chorava suas feridas em redor do sol.
E eu também
porque caiu uma folha
e duas
e três.
E uma cabeça de cristal
e um violino de papel.
E a neve poderia com o mundo,
se a neve dormisse todo o mês,
e os ramos lutavam com o mundo,
um a um,
dois a dois
três a três.
Oh duro marfim de carnes invisíveis!
Oh golfo sem formigas ao amanhecer!
Chegará um torso de sombra
coroado de louros.
Será o céu para o vento
duro como uma parede
e os ramos arrancados
irão dançar com ele.
Um a um
em volta da lua,
dois a dois
em volta do sol,
e três a três
para que os marfins adormeçam bem.
Federico Garcia Lorca
12 comentários:
*
"Un ataúd con ruedas es su cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombras de la tarde!"
,
in- garcia lorca
,
conchinhas
.
*
Boa selecção: poesia e Lorca casam muito bem!
Belo Federico!
Lembro-me sempre da canção que o Patxi Andión fez e lhe dedicou....
Obrigada Tulipa
Um abraço
Não me atrevo a comentar Lorca, mas a fotografia é uma beleza.
Abraço do Zé
Tulipa, ainda é hora de valsar. E não de ver as folhas caírem, portanto valsemos!!
beijos doces
Olá!
Diz-me como estás??
O miminho não está esquecido!!! Tenho tido pouco tempo para visitar os blogues e deixar comentários... desculpa.
Bjitos.
Sei que estou em falta porque não te tenho visitado, como mereces.
Continuas a presentear-nos com artigos excelentes.
Beijitos, Tulipa.
Grande poeta.
Obrigado pela partilha.
Bfs, beijinhos.
Lindo. Lorca foi um dos grandes poetas do século passado. Morreu prematuramente às mãos do ódio franquista.
Bjs
Muito Bonito.
Um belo poema!!!
Obrigada por traze-lo...
Beijos de luz e o meu carinho!
belíssimo poema de Garcia Lorca!
Os grandes poetas nunca se esquecem.
PS: convido-te a visitares um novo cantinho que partilho com uma amiga muito especial.
De certo vais gostar.
http://neninadosgatos.blogspot.com
"EU E OS GATOS"
Um bom fim de semana!
Beijinhos
Mário
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