16/01/09

Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia

Ontem - 5ª feira fui visitar a Tânia. Tal como alguém escreveu no blog do bookcrossing, a coisa não correu nada bem:
As notícias de hoje à noite não foram muito boas. A Tânia teve a visita da tia e não reagiu à sua presença e encontra-se mais sonolenta. Esteve a partir da tarde sempre sonolenta sem demonstrar qualquer tipo de reacção.Sei que não era isto que queriam ler mas temos que pensar que a Tânia foi operada ao coração, estando já num estado de saúde muito precário antes. O que os enfermeiros e médicos nos dizem é que estas situações demoram sempre muito tempo até que o paciente se encontre estabilizado e, como nós não queremos, mas seria de esperar, vão existir dias bons e dias menos bons. Infelizmente este é um deles.A sua situação mantém-se estável, apesar de não ter tido reacções hoje à tarde e noite...
Não é fácil chegar ali e ver a Tânia rodeada de vários equipamentos parecidos com estes. Para quem é impressionável, se estes 4 vos impressionam, imaginem outros quatro e alguns bem maiores que estes. Todo o corpo da Tânia está inactivo, as máquinas é que trabalham por ela, o ventilador faz com que ela respire através da máquina; o tubo naso-gástrico faz com que ela se alimente pelo tubo; o coração funciona através do suporte ventricular que está depositado em cima da barriga dela, como é transparente vê-se o sangue a ser bombeado e ouve-se o pum,pum,pum,pum...o tique-taque de qualquer coração; está algaliada por isso, não sente vontade de urinar, enfim...tudo o que podem imaginar não é nada do que se vê, indo lá visitá-la.
Também tinha uma fita adesiva colocada na testa, que está ligada por um fio a um monitor que mostra toda a sua actividade cerebral; como se estivesse a fazer um electroencefalograma contínuo.
Só bombas de infusão ou seringas infusoras eram 6 a levar medicação por imensos tubos para o cateter da Tânia.
As bombas de Infusão de seringa, utilizam seringas de injecção descartáveis comuns para infundir. Por meio de um dispositivo mecânico, um accionador vai empurrando o embolo da seringa continuamente, podendo ser um eixo sem-fim ou engrenagens tipo pinhão e cremalheira. Um tubo fino (equipo de seringa) conduz o líquido da seringa para dentro do corpo, que pode ser por uma agulha de injeção ou cateter. São os modelos de maior precisão e fluxo contínuo.
Talvez por ter olho clínico, devido ao facto de ter trabalhado 6 anos em hospitais, durante 6 meses num Serviço de Urgência, onde vi coisas idênticas, mas...nada igual. A Tânia é uma heroína, uma vencedora, porque passar por aquilo que ela está a passar, só vendo, não se imagina, como algumas pessoas dizem:
Eu imagino!!!
Não, digo-vos que não imaginam.
Reparei que havia insulina, furosemida, dopamina e também estava a fazer plaquetas. Assustei-me e questionei a enfermeira que me disse logo:
isso, só o médico lhe pode explicar o motivo dela estar a fazer plaquetas, mas...como não é um familiar próximo, nem pai nem mãe, o médico não é obrigado a responder!!!
Bem...aqui a coisa mudou de figura, argumentei e pedi que queria falar com o médico e consegui, lá me explicou o motivo de ter que fazer plaquetas e foi muito mais simpático e acessível do que a dita enfermeira, mas isso já é normal, eu que trabalhei num meio hospitalar, as equipas de enfermagem arrebitam sempre mais cabelo que a própria equipa médica...enfim...
Segue uma pequena explicação da dopamina:
A dopamina é um
neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a actividade estimulante do sistema nervoso central. Estimula os receptores adrenérgicos do sistema nervoso simpático.Também actua sobre os receptores dopaminérgicos nos leitos vasculares renais, mesentéricos, coronarianos e intracerebrais, produzindo vasodilatação. Os efeitos são dependentes da dose.
O fármaco furosemida, também conhecido pelo nome comercial Lasix®, é um medicamento da classe dos diuréticos da alça, que aumentam de forma intensa a excreção de urina e sódio pelo organismo. A sua principal utilização é na remoção de edema causado por problemas cardíacos, hepáticos ou renais.

Graças a três neurocientistas pioneiros, decorria o ano de 2001, foram os vencedores do Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia, "pelas suas descobertas sobre a transdução de sinais no sistema nervoso". Transdução de sinais é o processo pelo qual as células nervosas se comunicam. Cada um dos vencedores estudou mudanças que ocorrem no interior das células nervosas. Os prémios foram dados em Estocolmo, Suécia, em Dezembro de 2001.
E os premiados são:
Arvid Carlsson
Cargo: Professor emérito de Farmacologia - Universidade de Gotenburgo, Suécia - Idade: 77 anos
Arvid Carlsson mostrou que a dopamina é um importante neurotransmissor no cérebro. Neurotransmissores são substâncias químicas que transmitem sinais de uma célula nervosa para a outra. Em 1950, os cientistas acreditavam que a dopamina era apenas uma substância química utilizada na fabricação de outro neurotransmissor, a noradrenalina (também chamada de noroepinefrina). Carlsson descobriu como medir níveis de dopamina em certos tecidos do cérebro, e descobriu que a dopamina estava concentrada em áreas diferentes daquelas onde a noradrenalina é normalmente encontrada. Na verdade a dopamina é si própria uma substância neurotransmissora. E onde estava concentrada a dopamina? Carlsson descobriu que a dopamina era presente em grandes concentrações nos Gânglios da Base, uma área do cérebro importante para a coordenação de movimentos do corpo.
Paul Greengard, Ph.D.
Cargo: Professor do Laboratório de Neurociência Molecular e Celular, Rockefeller University, NY, EUA - Idade: 74 anos
Paul Greengard queria saber como as células nervosas transmitiam seus sinais. Ele estudou a dopamina e outros neurotransmissores como a noradrenalina e a serotonina para descobrir como estas substâncias afectam o sistema nervoso. Este tipo de pesquisa "no nível molecular", ou seja através do estudo de como moléculas de neurotranmissores afectam as células nervosas, especialmente na sinapse. O entendimento de como as células nervosas se comunicam entre si e como passam o seu sinal adiante, permitiu um grande avanço no nosso entendimento de como as diferentes drogas, como as utilizadas na depressão ou em outros problemas psiquiátricos, funcionam no cérebro.
Como as células nervosas se comunicam? A célula nervosa produz um impulso eléctrico, chamado de potencial de acção. O potencial de ação ao chegar no final do axônio, faz com que haja a liberação de neurotransmissores. Estes neurotransmissores passam para uma segunda célula nervosa, que ao perceber a sua presença gera um potencial de acção próprio. Um dos eventos críticos nesta sinalização é a fosforização. Este é o processo pelo qual as proteínas são modificadas através da adição de um fosfato à sua cadeia. Isto muda a forma e a função da proteína. Estas proteínas desempenham um importante papel na alteração das propriedades da célula nervosa, permitindo a que o potencial de acção seja criado. Esta série de eventos é chamada de transdução e é como as células nervosas enviam sinais.

O entendimento de como a sinalização funciona em circunstâncias normais tem ajudado os pesquisadores a tratar distúrbios nos quais a sinalização é anormal.
Greengard doou a sua parte do prémio para um fundo para mulheres que trabalham com pesquisa biomédica da Rockfeller University. Este fundo é uma homenagem à sua mãe que morreu dando a luz a ele.