06/02/11

BIUTIFUL - JAVIER BARDEM





JAVIER BARDEM é Uxbal, um herói trágico, pai de dois filhos, e à beira da morte. Ele luta contra uma realidade distorcida e um destino que trabalha contra ele, o impedindo de perdoar e amar. Está frente a frente com um mundo desestruturado e numa espiral decadente de degradação, mas tenta a todo custo manter a dignidade. Paralelamente, a história mostra a complexa situação dos imigrantes na Espanha.

Retirei da net esta descrição:
BIUTIFUL – “Esse é um dos filmes mais rígidos que eu já vi. É incrivelmente bem construído e é finalizado por duas cenas separadas em cada final o que o transforma em uma obra-prima. Você irá se contorcer e você irá ficar profundamente deprimido mas é tocante mesmo assim com uma mensagem espiritual notável e Javier Bardem está simplesmente maravilhoso. O tipo de filme que te assombra por dias. Vi no festival de Cannes em sua premiere mundial.”

Biutiful centra-se em Uxbal (Javier Bardem), um homem que lida com pequenos negócios de rua. Faculta mão-de-obra barata a empresas de construção civil, providenciando as pessoas necessárias para o efeito, maioritariamente chineses. Está envolvido no comércio ilegal de rua, fornecendo material aos vendedores a troco de uma pequena percentagem dos lucros, que também utiliza para corromper a policia local.
Tem dois filhos, Ana (Hanaa Bouchaib), a mais velha, e Mateo (Guillermo Estrella), o mais pequeno. A sua mulher, Marambra (Maricel Álvarez), sofre de bipolaridade e transforma a sua vida num inferno, consumindo drogas, álcool, tornando-se quase irresponsável pelos seus actos.
Uxbal vive com os seus filhos numa casa separada e é um homem de valores, mas faz o que tiver de ser feito para pôr comida na mesa.
Religioso, crente, possui o dom pouco comum de comunicar com os mortos, aproveitando para ganhar algum dinheiro em funerais.
É um pai disposto a tudo pelos seus filhos, assombrado pela própria infelicidade de nunca ter conhecido o seu pai e facilmente se ter esquecido da sua mãe que morrera quando era novo. Uma doença súbita, iniciará Uxbal numa viagem em queda livre, onde enfrentará os seus demónios em busca da redenção. Redenção essa que terá de alcançar encarando as trevas, numa espécie de tempestade antes da bonança.
Nota: imagens retiradas da net.

5 comentários:

tulipa disse...

O que Alejandro González Iñárritu faz é simplesmente levar-nos a fazer parte da vida de Uxbal, movendo-nos com ele, partilhando os seus medos, lutando pelos seus objectivos. Raramente temos oportunidade de fugir à sua personagem, e quando isso acontece, é apenas para nos contextualizarmos de acontecimentos que futuramente poderão ser relevantes. A câmera de Prieto capta o clima frio e as cores de Barcelona naquela altura do ano. O azulado predomina e, claro está, Rodrigo Prieto tem o dom de nos mostrar o belo, utilizando sempre o contrário para o exemplificar. A sua fotografia é uma antítese absoluta de tudo o que compõe um plano seu. O belo torna-se desinteressante e o feio torna-se sedutor, caloroso, foco de interesse imagético de todo o filme. Por sua vez, o argumento de Inãrritu e companhia, não se perde em pormenores. O grande pormenor, e aquele que realmente é relevante, é a fatalidade inevitável do percurso de Uxbal. A sua doença, que seria o caminho para a morte, é na realidade o caminho para a redenção, para o seu último grande acto. Esse acto é constantemente posto à prova, colocando obstáculos que apenas aumentam o seu sentimento de culpa e necessidade de vender a alma em busca do perdão. Mas aquele grande acto só será atingido depois do calvário, a que assistimos durante toda a obra, abrindo ferida atrás de ferida. O título é no mínimo um exercício intelectual brilhante e, quando se chega a determinado nível de reflexão, bastante concludente. A palavra mal escrita ‘biutiful’, mas foneticamente semelhante a ‘beautiful’, é uma interpretação que não me vou atrever a partilhar. É uma conclusão que deixo à abordagem de cada um.
Um debruçar intenso, profundo, e íntimo, tanto quanto se pode ser, a um personagem brilhantemente interpretado por um Javier Bardem superior até à sua Oscarizada interpretação em Este País Não é Para Velhos (2007).
Muito bem nomeado à edição deste ano dos Óscares e, até agora, a minha escolha para vencer a estatueta (retirado da net)

tulipa disse...

Biutiful, o seu mais recente filme, não foge à regra e aborda os mesmos temas, apesar da matéria mais essencial dos seus filmes ter mudado significativamente. Falava-se muito da separação com o seu argumentista de elite, Guillermo Arriaga, colocando-se questões duvidosas da continuidade da qualidade do argumento, uma vez que a sua colaboração produzia material de topo. Contudo, podemos ver o exemplo do primeiro trabalho de Arriaga como realizador e argumentista de Longe da Terra Queimada (2008), muito aquém de qualquer trabalho que tenham concretizado juntos. Não é de todo o que se verifica com Biutiful. A nova película de Alejandro González Iñárritu não foi uma surpresa, nem pela positiva, nem pela negativa. Foi um confirmar lógico do excelente realizador que é o mexicano e uma prova de fogo neste dilema que fazia duvidar da sua qualidade sem Arriaga.
Para começar, é importante referir o quão notória é a diferença em termos de estrutura narrativa, dos argumentos de Arriaga e deste Biutiful, escrito pelo próprio Iñarritu em colaboração com Armando Bo e Nicolás Giacobone, estreantes absolutos no ofício. Perde-se a estrutura não linear vincada de Arriaga e sobretudo a sua obsessão por múltiplos personagens que nas mais variadas situações ao longo da história, acabam por se cruzar, convergindo no final para um propósito ou evento que se torna grandioso, e por vezes fatal.
O que é que o novo filme com Javier Bardem tem de diferente? Consegue suportar-se magistralmente, “sem espinhas” absolutamente nenhumas, em apenas um personagem.
Esse pequeno grande pormenor, que pode escapar aos olhos dos mais distraídos como um detalhe, é o que torna este filme tão belo, tão introspectivo.

Luma Rosa disse...

Desculpe a minha ignorância! Quando li no título "Biutiful" seguido do nome de Javier, pensei cá comigo: "Brincalhona, ele é mesmo maravilhoso!"
Ainda não sabia deste filme e vou procurar por ele, sou fã do moço, ele é beautiful! (rs*)
Beijus,

Filoxera disse...

Vejo que continuas dar-nos boas ideias sobre cinema.
Beijos.

Maré Viva disse...

Sou fã incondicional de Javier Bardem e pelo que dizes aqui deve ser um filme a não perder. Há tanto tempo que não vou ao cinema!
Sabes aquelas fases em que não fazemos nada, mas andamos super ocupadas? É difícil de entender, mas que as há...há!
Beijinhos.